sexta-feira, 16 de novembro de 2007

ME: A lógica do Tio Patinhas

Com a invenção das aulas de substituição o ME criou também a obrigatoriedade do trabalho gratuito, desenvolvendo a lógica do Tio Patinhas.

O ME recordou aos professores que o seu horário semanal é de 35 horas, que se repartem entre a componente lectiva e a componente não lectiva. Os ministros da educação que antecederam Maria de Lurdes presumiam que os professores precisavam de tempo para preparar as aulas. Sabe-se que muitos não o faziam, aproveitando a oportunidade para ter um segundo emprego ou usufruir de mais tempo de lazer. A nova ministra sabendo da sua impossibilidade de detectar estes casos um a um, decidiu fazer uma lei tipo "arrastão", o novo ECD. Segundo este, as aulas de substituição – apesar de serem muito mais desgastantes que as comuns, por o professor não dispor de uma classificação e de um programa que lhe permitam impor a sua autoridade professoral – são consideradas parte da componente não lectiva. Este truque classificatório tem ainda uma vantagem nada negligenciável para as contas públicas: não é necessário pagar nem mais um cêntimo!

A imagem que se apresenta abaixo não deve ser tomada como referência por quem deseje saber como se organiza o horário dos professores, porque há outros factores a considerar que não foram aqui referidos, como a idade, o tempo de serviço e os cargos desempenhados. Os factores não referidos também agravaram o estatuto dos professores com o novo ECD. Assim, apesar de simplificada, a imagem ajusta-se ao tema deste post: a invenção do trabalho gratuito pelo ME.



Esta lógica estende-se naturalmente a todo o tipo de tarefas desempenhadas pelos professores ou pelo pessoal auxiliar. Eis um testemunho significativo:

Caros Amigos
Trabalho numa escola no centro de Lisboa com falta de pelo menos 6
auxiliares educativos que inviabilizam o seu bom funcionamento.
Perante os insistentes pedidos do Conselho Executivo e da Associação de Pais
o Ministério da Educação começou a desbloquera a situação.... mas de que
maneira? ...
Contratou uma servente para trabalhar 4 horas/dia mediante a remuneração de
2,65 Euros/hora ...
Leram bem.
Dois Euros e sessenta e cinco Cêntimos há hora.
Estamos a ficar cada vez mais semelhantes à China, e já quase trabalhamos a
troco uma malga de arroz!....
Quado e Estado e o (des)governo português se comporta como um negreiro, que
mais podemos esperar?
JT
-------------------------------------------------
Cláusula de salvaguarda
(Para o caso de se encontrar por perto algum bufo da Nova PIDE)
O remetente deste "mail" está a enviá-lo na qualidade de cidadão.
Este "mail":
- não está a ser enviado de nenhum gabinete, nem mesmo do interior de uma
instituição da administração pública;
- não está a ser enviado de um computador de um organismo público;
- não está a ser enviado durante o horário de trabalho;
- não viola os deveres gerais de lealdade e correcção, porquanto não
demonstra grave desinteresse pelo seu cumprimento;
- não é um comentário jocoso;
- não é um insulto;
- não trata o Ex.mo e Il.mo Sr. Primeiro-Ministro, nem nenhum dos seus
Ministros, com sentido depreciativo e injurioso.
Aliás, o remetente grama o Sr. Primeiro-Ministro e o seu Governo aos
molhinhos;
Vivam o Sr. Primeiro-Ministro e os seus amigos!!!

http://groups.google.com/group/pt.soc.ensino/browse_frm/thread/5beaf8e95385e6d1
(14/NOV/2007)

Sem comentários: