quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Extractos


  • "Um professor que não é capaz de substituir um colega durante uma aula, a quem não ocorre nada de útil para ocupar os alunos nesse tempo, é definitivamente incompetente e não está na escola a fazer nada". Miguel Sousa Tavares (EXPRESSO, Assinantes)

  • As aulas de substituição são uma autêntica seca, não se faz nada!
    Em vez de estarmos a ter aulas podíamos era estar na rua a curtir a vida!
    Aluna de Torres Vedras (31/JAN/2006)

  • Dinis Lampreia da associação de estudantes da Escola Secundária de Castro Daire justifica o protesto com o facto dos alunos estarem contra as aulas de substituição. Consideram que, no ensino secundário, “por não ser obrigatório, também não devia ser obrigatório ir às aulas de substituição”. Classificam estas aulas de anti-pedagógicas, “já que não se faz nada”. Relatam que, se “falta um professor de português e é substituído por um professor de matemática, não podemos fazer nada, pois não temos o material de estudo”. Muitas vezes “falamos de tudo e de nada, e jogamos às cartas”, referem. (01/DEZ/2007)

  • Os alunos que, na generalidade, vão para essas aulas, contrariados, potenciando desse modo a indisciplina e a má educação, afirmam que não têm nada para estudar, para fazer ou dizem que se esqueceram dos livros... Depois pedem aos professores para fazer jogos ou outras actividades lúdico-recreativas (brincadeiras) e, como o professor não está para se aborrecer, visto que não pode exercer plenamente a autoridade, acede ao pedido. Ou seja, a senhora ministra castiga, ou tem castigado, duplamente, os professores e os alunos encerrando-os numa sala de aula, sem proveito absolutamente nenhum, à espera, ambos, que soe o toque da campainha e cesse o martírio. Por isso é que os docentes afirmam que a senhora ministra, Maria de Lurdes Reis Rodrigues, com as suas imposições ridículas (e para mostrar serviço), veio, com as suas discutíveis iniciativas, perturbar ainda mais a vida nas escolas e avacalhar o exercício da docência. Essa é a pura verdade. Tendo uma particular atracção pelo afrontamento gratuito, pejada de ideias fixas para o sistema educativo, instalou a instabilidade nas escolas com as pseudo-aulas de substituição. A própria ministra tem noção, inconscientemente, do desaproveitamento destas pseudo-aulas, pois chegou a afirmar, liricamente, que os professores até podem “ler poesia ou fazer umas graças” (!!?). Serão graçolas!? Será fazer o pino na sala de aula? Ou fazer de professor-palhaço ou professor-entertainer? A Página da Educação (FEV/2006)

  • "Os alunos são obrigados a ficarem numa sala sem fazer absolutamente nada, para não correrem o risco de chumbarem por faltas; Os professores são obrigados a ficar na escola horas desnecessárias; Os alunos são impedidos de conviverem saudavelmente nas únicas horas livres que têm para aproveitar; Ninguém aprende absolutamente nada com estas aulas". Bhtp1 (13/MAR/2007)

  • "Coitadinhos!! Acho bem que protestem! Então assim como é que vão jogar matrecos para o poli, ou jogar vólei, futebol ou basket (com bolas quase desfeitas), namorar, escrever nas paredes,... Agora que estou a pensar nisto vejo que 90% das recordações que tenho dos tempos de escola aconteceram nos feriados... ainda bem que eu não tive aulas de substituição! Safa!" Mundus Imperfectus (06/DEZ/2006)

  • "O Conselho Executivo da minha escola decidiu que todos os professores tinham que deixar material a ser utilizado, no caso de faltarem. (...) Quem não deixar material e falte, terá falta injustificada. (...) Folheando o livro onde assinamos, verifiquei que nos últimos dias não havia professores a faltar. A minha conclusão é a seguinte: na realidade, há muitos professores a faltar "por dá cá aquela palha". Jade (24/NOV/2006)

  • "Aquilo que se entende por substituição nos países civilizados é isso mesmo, é um prof. que vem continuar a sequência programática (...) As outras... bem, as outras são apenas formas de ocupação do tempo dos alunos". Luta Social (03/DEZ/2006)

  • Conheço uma escola onde nunca houve "aulas de substituição", mas onde nunca um aluno ficou "sem aula". Para ser mais preciso: uma escola onde nem sequer há aulas. Nem fazem falta, dado que os alunos aprendem melhor sem elas.
    Essa escola nunca foi atrás de modas pedagógicas, ou da bricolage ministerial. Nessa escola, e desde há muito anos, deixou de haver "furos", "feriados", alunos sem aulas, ou faltas dadas pelos professores. Como? Poderei explicar... José Pacheco (22/NOV/2006)

  • Não gosto de falar em aula porque apesar do professor poder marcar uma falta a um aluno ausente, esta não conta para fins de reprovação. Na prática, um aluno pode faltar à "actividade de substituição". Será que os alunos sabem? Isso foi dito aos encarregados de educação!? Membro do Conselho Executivo de uma EB 2+3 do Porto (NOV/2005)

  • Então porquê obrigar os alunos a ficarem fechados numa sala de aula, com um professor da disciplina de Biologia (vamos supor) que substitui a aula de Economia? Ainda para mais, uma aula na qual o professor assume o papel de palhaço entertainer jogando ao conhecido jogo da forca ou do stop … Trabalho produtivo? Não! Desgastante? Sim! O tempo é demasiado precioso, e as aulas de substituição, nas condições em que estão a decorrer, parecem-me autênticos atentados à nossa inteligência!
    Agora suponhamos que 3 dos alunos da tal aula de Economia cujo professor faltou, têm dúvidas de Matemática e outros 2 dos alunos precisam de esclarecer dúvidas de Filosofia. Se esse professor de Biologia que foi substituir a aula de Economia, tal como todos os outros seus colegas que entretanto estariam a fazer um trabalho semelhante (ou mesmo, fazendo tricot esperando apenas que o tempo passe, uma vez que mais nenhum dos seus colegas poderia ter faltado e eles têm de permanecer por ali para marcar presença) fosse para o Centro de Aprendizagem, disponibilizando-se para tirar dúvidas da sua disciplina, a outros alunos de outra turma cujo professor faltou também, ou alunos que têm furos nos horários... Os professores teriam um trabalho bem mais gratificante, e simultaneamente, produtivo!! E o esforço e dedicação dos alunos também seria muito mais recompensado!!! Diana Sof Debate Nacional sobre Educação (30/NOV/2006)

  • Imagine o leitor que trabalha num banco, que os seus clientes abriram conta contra vontade porque a lei a isso os obrigou, que alguns deles têm por maior ambição na vida rebentar com o banco em que você trabalha, e que outros têm por maior prazer insultar, humilhar e agredir tantos empregados bancários quanto possível: compreenderá as condições de trabalho objectivas de um professor do Ensino Básico. Lyceum (02/DEZ/2006)

  • Tirar os tempos livres e obrigar os alunos a estar fechados na escola como se o tempo livre fosse algo de maléfico é como tornar a escola numa prisão e tratar os alunos como miúdos irresponsáveis.
    O absurdo destas aulas, em que aos professores é atribuída a tarefa de entreter os alunos com qualquer coisa e em que a única preocupação da instituição com os alunos é mantê-los vigiados, resulta da própria visão que o Ministério tem da escola pública. Uma visão refém da velha (mas persistente) ideia da escola como fábrica disciplinadora, caracterizada pela seriação do espaço (salas), do tempo (horários), dos saberes (disciplinas) e dos alunos (classes), incapaz de pensar espaços educativos diferentes da aula e, portanto, incapaz de perceber que esta "forma escolar" faz hoje parte do problema e não da solução. João Soeiro (23/NOV/2006)

Sem comentários: